-A maior surpresa prá mim foi descobrir que não quero mais trabalhar com educação. Não, pelo menos, do jeito que em geral concebemos a coisa. Quero ensinar coisas que gosto a pessoas interessadas, e não coisas inúteis a crianças cheias de vida que tem de ficar trancadas em salas de aula porque os pais estão pagando, ou que precisam de muito mais do que toda a minha energia é capaz de envelhecer. Descobri que trabalhando nessas condições, eu adoeço. Eu podia ter descoberto isso ano passado, mas eu achava que, sob outras circunstâncias, as coisas seriam melhores.
-Vinculado a isso, morreu o grande sonho que foi projetado prá mim desde pequena: Não vou ser professora de escola pública pelo resto da vida prá ter um trabalho que me dê dinheiro certo. Eu preciso de mais um ou dois anos só para cogitar a idéia de prestar concurso público outra vez. Não é só pagar a taxa, estudar, passar, e você está lá. É um processo mais longo e cheio de ansiedade que isso.
-Descobri que já tenho créditos suficientes para me formar, e já me considero formada. No entanto, isso me deixa mais perdida que cego em tiroteio, pois já vi que vou usar meu diploma para uma coisa completamente diferente do que eu pensava em fazer, e, ao mesmo tempo. nunca estive sem estudar, desde os quatro anos de idade, e não estou conseguindo me adaptar a esse processo. Já fiquei um semestre a mais que o necessário na faculdade, e provavelmente fico pelo menos mais um.
-Descobri que, apesar de, à primeira vista, ver o mundo como o fluxo das energias Yin e Yang parecer bobinho, a coisa é menos simplista e mais complexa, profunda, real, e divertida do que parece. E que exige muito, muito mais estudo que aparenta.
-Aliás, descobri que tenho prazer em conhecer religiões diferentes da minha.
--Falando na minha religião, descobri que não sou mais uma novata, embora pareça que foi ontem que começei a trilhar meu caminho. Também não sou nenhuma mestra, mas já aprendi um monte de coisas que posso compartilhar, já que conhecimento pede movimentação.
-Descobri que as formas que os oráculos anunciam coisas a nós pode ser absurdamente variadas: Podemos ter respostas engraçadas de tão literais, como podemos ter respostas realmente enigmáticas, e aquelas que estão o tempo todo debaixo de nosso nariz, mas não entendemos. Nesse sentido, algumas de minhas atitudes perante as respostas desse ano foram enganos quase do tipo do de Édipo, enquanto outras vão me deixar por anos ainda dizendo "eu disse que era isso? Eu aviseeei, eu aviseeeeei", e vou me permitir ser tão chata quanto o burro do Shrek, pq complexo de Cassandra é muito chato.
-Continuo acreditando em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, sacis com frio no pé e formigas que bebem AdeS, no entanto não acredito mais em amizade à primeira vista. Os vínculos que vêm muito intensos desde o começo, acabam tão rapidamente como começam. E as outras pessoas podem nem sentir, mas eu acabo me entregando, e me lascando, e acabo deprimida por meses depois que a meleca acaba. Caí nessa ilusão duas vezes, e pretendo não cair na terceira. Em compensação, vou dar mais atenção às pessoas que chegam como quem não quer nada, que são moderadas e com as quais parece que você nunca vai ter grandes intimidades, pois são essas que sabem ser amigas prá vida inteira. Se até com o Chronos meu relacionamento começou assim, pq diabos eu tento fazer o contrário? Eu entendo que com outras pessoas isso funcione super bem, mas, da minha parte, estou fugindo de relacionamentos como esses.