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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Que histórias seu corpo conta?

Esse post é uma blogagem para o quinto tema do Mosaico de reflexões. O tema é exatamente o título desse post, e o selinho desse tema está aqui:


As fotos que se encontram nesse post são de páginas de scrap feitas com fotos minhas (e, ocasionalmente, de outras pessoas junto), que eu mesma fiz. Para conhecer meu trabalho com artesanato, visite meu blog específico, o Lorien´s Workshop.


Acho que meu corpo conta muitas histórias de antes de mim. Mostra de onde meus ancestrais vieram. Costumo brincar que eu herdei o pé gordinho da minha vó, que só cabe confortavelmente em sapatos um número maior que o necessário pelo comprimento do pé, mas não herdei os lindos olhos claros dela. Pelo que me lembro, só um de todos os meus primos os herdou. 


Eu tenho sardinhas, e várias manchas na pele. De um tempo em que minha família tinha dinheiro para morar em um apartamento com piscina, e que podíamos ficar o verão inteiro correndo e brincando na água, e ao redor dela, sem medo dos perigos dos raios ultravioleta, do câncer de pele. Hoje em dia, para pegar aquele sol todo, só se fosse com protetor de alto fator UV. Naquela época, a beira da piscina era o local onde mais me divertia, socializava com outras crianças... Tenho saudades até hoje.



Nunca quebrei ou torci qualquer osso, nunca levei um ponto na vida. E espero não levar tão cedo! Poderia falar de como isso me levou a, quando comecei a pensar em tentar engravidar ir pesquisar sobre lugares bons prá parir, e como descobri os médicos inescrupulosos, a máfia das cesárianas, e que por isso, na minha medida, falo sobre parto normal, natural e humanizado para quem quer que eu possa. Ativismo? Alguns chamam assim. Eu espero que quando eu finalmente tiver meu(s) bebê(s) eu não precise ter uma cicatriz de cesárea, como mais de 50% das mães brasileiras, inclusive a minha mãe. Mas, como existem os (raros) casos de cesárea bem indicada, não dá para descartar completamente essa possibilidade.

Tatuagens, ainda não fiz. Confesso que tenho medo de como elas ficariam quando eu envelhecer. E, se for para fazer, quero fazer em um lugar onde eu veja sempre. Porque deve ser a marca de algo que seja significante para mim, ela deve me lembrar alguma coisa. 

Ainda estou esperando (e já faz quase um ano!) um atendimento ortopédico decente, que me explique bem o que aconteceu com meu tornozelo direito. Tomo a única precaução que parece mais eficaz, andar sempre com calçados de solado duro. Mas ainda assim, algumas vezes, ele incha muito mais que o normal, o pé não cabe em qualquer sapato ou sandália. Isso me preocupa um pouco, principalmente por não saber se um dia eu poderei voltar a dançar, ou fazer artes marciais. Mas nem tanto. Entendo que eu, teimosa como sou, não teria parado se os deuses não tivessem puxado as rédeas. Entendo esse estranho problema no tornozelo como um duplo aviso, e como um chamado. E tenho tentado atender a ele.


Eu uso óculos praticamente o tempo todo. Eles são extensões do meu corpo. Tiro para tomar banho e dormir. Minha visão é muito ruim sem eles, tem momentos em que, sem eles, só vejo borrões, como se o mundo inteiro estivesse com o filtro gaussian blur do photoshop. E, com o passar dos anos, eu aprendi a gostar muito dos meus óculos. Mas isso levou tempo. E eu também tive que aprender a escolher o modelo e a cor certa, que eu gosto. O óculos que estou usando hoje, é o terceiro muito parecido. Não troco com frequencia, entre outros motivos por que as lentes são caras. Então com o tempo aprendi a comprar também armações de qualidade. É uma pena que as armações que eu mais gosto, com clipe para óculos de sol, estão saindo de linha. Por causa daquelas lentes que escurecem sozinhas. Eu realmente prefiro o clipe de óculos de sol, sofro por antecipação por saber que, provavelmente, da próxima vez que precisar trocar não vou achar mais armações com clipe. Melhor cuidar dessas com muito cuidado.


Atualmente, meu cabelo está ao natural. Mas ainda tem uma ponta castanha, de quando eu pintava. Comecei a descolorir o cabelo, com luzes, quando entrei na faculdade. Até fazer isso, eu detestava o meu cabelo do jeito que era. Durante a faculdade, usei o cabelo com luzes, pintado de loiro, ruivo (não vermelho, mas "cabelo de bárbara", como dizia uma amiga), castanho. Quando estava quase decidida a parar de pintar, coloquei um castanho um pouco mais escuro. Decidi não pintar todo do tom natural, porque assim, se me desse vontade de voltar a pintar, a tinta pegaria. Isso foi quando acabei a faculdade. 

E acabei percebendo que já tinha aprendido a gostar do meu cabelo, mesmo do tom natural. Por coincidência, quando ele estava tingido só na metade de baixo, entrou na moda a "tintura californiana", e as pessoas que não me conheciam a longo tempo achavam que era intencional, o que era só o tempo tomando seu curso. Quase não da mais para perceber as pontas castanhas. E os cabelos brancos, que todo o mundo imaginava que fossem chegar cedo, pois no meu pai começaram a chegar quando entrou na casa dos 20, ainda não começaram a aparecer. Ainda penso "quem sabe um dia eu pinte novamente o cabelo?", mas, por enquanto, esse dia me parece distante.

Hoje, eu gosto do meu corpo do jeito que ele é. Com as marcas que tenho, e com as que não tive. Aprendi a gostar de mim, e não foi fácil. Aprendi a dar ouvidos a algumas opiniões, mas não a outras, a não me magoar tanto.

E você? Vai se juntar a nós nesse mosaico de reflexões? Ainda há tempo!