A primeira coisa a notar é que crises como a que estamos vivendo são parte do processo capitalista como um todo. O único jeito de não haverem crises é não haver capitalismo. Se minha memória não está enganada, desde o século XVII são registradas essas crises dentro dos ciclos econômicos. E se alguém espera viver sem ver uma crise dessas, o que espera, no fundo, é viver muito pouco.
O capitalismo tem um padrão cícilico, e, pelo rumo que o mercado estava tomando, essa crise era previsível há pelo menos uns dois anos atrás: Veja bem, eu não estou falando de tarólogos que sabiam que esse ano é o da roda da fortuna (embora a associação seja absurdamente simples), mas de economistas que fizeram cálculos matemáticos.
A questão da possibilidade de evitar as crises é um pouco controversa na economia. Em geral, não se fala em evitar, mas em estar preparado para quando elas vierem, com planos de contingência variados, e com muito estudo e estratégia para saber o que, e como, fazer. É um imenso jogo de estratégia: Qualquer movimento errado pode acelerar o processo que se vem tentando evitar. Há uma série de variáveis a serem cuidadosamente ponderadas, tanto tomando em consideração o mercado mundial, quanto o mercado interno. Assim, é possível sim sair ganhando com a crise, mas, como já diria Maquiavel, a oportunidade tem que chegar no momento que se está preparado para ela, e precisa ser utilizada com sabedoria.
Para os pobres mortais, o melhor jeito de sobreviver à crise não é deixando o dinheiro embaixo do colchão: Se você tem economias, aplique-as em investimentos variados. Se não tem, fuja de parcelamentos e dívidas como o vampiro foge do sol. Compre nas promoções, não compre quando os preços aumentarem.
Por fim, sobre essa crise específica, eu estou acompanhando muito pouco. A minha opinião, no entanto é a de que aqueles que dizem que essa é "a maior crise da história do capitalismo", como li numa manchete de revista uma ou duas semanas atrás, está exagerando. A crise vai, sim, afetar nosso país, nossos padrões de consumo (que já estavam balançados desde o ano passado, sejamos sinceros), vai reduzir os empregos em certos setores, e podemos esperar uma recessão do cão nos próximos anos. Contudo, tudo o que podemos fazer é nos adaptar e saber que o que estamos vivendo é parte de um tipo de processo que já foi vivido tantas outras vezes.