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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Livros

Bom dia!

Esses livros foram comprados hoje, na Feira do Livro da USP! Somando tudo, deu cerca de 200,00.

A feira vai até amanhã ainda, então, para quem está na região, compensa dar uma passada :)


Fiquei muito feliz de conseguir completar minha coleção do As Máscaras de Deus. Na verdade, foi com esse objetivo em mente que eu fui lá. Também queria comprar algumas coisas de Aristóteles, para estudar as questões de ética, amizade, etc. Como vocês podem ver, acabei comprando uns livros sobre issi na Odysseus.

Agora, de novidades: Eu não conhecia essa edição da EDUNESP dos hinos homéricos! Ela foi lançada esse ano (2010), parece uma Bíblia :) É biligue, tem 574 páginas, capa dura, os hinos estão separados pelos deuses aos quais se referem, e parece que tem alguns ensaios e textos junto, mas eu ainda não examinei em detalhe. De qualquer modo, ao menos à primeira vista, parece ser uma edição extremamente cuidadosa. R$80,00 no mercado, 40,00 na feira!

Também não sabia que tinha sido publicada, pela editora da unicamp, a tese de doutorado do prof. José Marcos Macedo, que foi meu professor de língua grega na USP, e é muito bom. O livro se chama "A palavra ofertada: Um estudo retórico dos hinos gregos e indianos."

Bastante coisa interessante para ler em 2011!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Aos ancestrais desconhecidos


Escrevo esse post em homenagem ao dia dos ancestrais, mas também como parte da blogagem coletiva Ancestralidade, o fio que nos faz parte de um todo, do Mosaico de reflexões. Para saber mais, clique nos links :)

Quando li a proposta, fiquei pensando em um episódio da minha infância. Estava entre a primeira e a terceira série, mas não me lembro ao certo. A professora disse, na aula de Estudos Sociais, que os brasileiros são formados por três raças: Brancos, negros e índios, e pediu para fazer uma pesquisa perguntando para os pais quais eram os ancestrais de cada raça em sua família.

Quando perguntei para a minha mãe, ela disse que uma das minhas bisavós maternas era índia - e que alguém na família era um senhor de escravos, mas que, fora essa minha bisavó, todos eram brancos - não tinhamos negros na família. Disse isso para a minha professora e ela me respondeu que era impossível que eu não tivesse negros na família, que todos os brasileiros eram formados pelas três raças. A excessão eram um menino da sala cujos pais eram japoneses, outro cujos avós eram japoneses, e mais uma menina, que era filha de estrangeiros, pois eles não eram realmente brasileiros. Disse a resposta para minha mãe, mas ela continuou dizendo não terem negros na família. Deixei estar por muito tempo, mas isso me marcou. Não sei bem se foi por que foi uma das primeiras vezes, ou a prmeira vez, que uma informação de minha mãe se confrontou diretamente com algo ouvido na escola, ou se foi por outro motivo. Mas hoje, concordo mais com minha professora que com minha mãe.

Não tenho como achar e nomear um ancestral negro em minha família. Da parte paterna, minha família é completamente ibérica - e que saudades que tenho das terras de meus ancestrais espanhóis e portugueses, sem nunca tê-las visitado de corpo inteiro. Mas nada impede que um deles tenha vindo para o novo mundo há séculos, e trazido uma negra, que tenha sido uma ancestral distante. Aliás, aqueles espanhóis podem muito bem ser mouriscos, e terem passeado por Al-Andaluz. Essa memória se perdeu no tempo, e hoje só chega até dona Joana, minha bisavó.

Hoje, que sou formada em história, também entendo melhor o que era a Colônia, e como se davam os relacionamentos entre brancos e negros. Minha família materna parece ter vindo, se não da elite branca do Brasil colonial, daqueles homens e mulheres "da terra", desbravadores que viviam da agricultura de subsistência. Acho praticamente impossível que ao longo de sabe-se-lá-quantas gerações não tenha havido mestiçagem com negros. E, mesmo que não seja assim, o que explica meu prazer com a capoeira e o batuque, a afinidade que sinto pelo pouco que conheço do que restou da cultura dos negros que vieram para o Brasil? Mesmo que não seja uma ancestralidade sanguínea direta, mesmo tendo escolhido e sido escolhida por uma cultura muito diferente, por outros deuses, muito herdei dos descendentes da áfrica e, a esses negros desconhecidos, também honro.

Mesmo que eu tivesse um filho com um homem que, sem dúvida alguma, não tivesse nenhuma ancestralidade negra, não daria, se ele perguntasse, a mesma resposta que minha mãe deu. Diria apenas que há muito tempo atrás tivemos ancestrais negros, mas que seus nomes não foram guardados na memória da família. Mas, como meu marido tem descendência negra, vou poder dizer às crianças que o bisavô deles foi negro, descendente dos que um dia vieram na África para o Brasil.