Não sei o que me deu prá me inscrever em Língua Grega. Acho que não pensei muito ao me matricular para esse semestre, fui clicando em tudo o que podia ter algum interesse e fosse de noite. Na verdade, sem o peso de ter que me matricular em alguma coisa para terminar o curso, quase esqueci de fazer a matrícula.
E, dentre as matérias para as quais eu fui selecionada, estavam a dita, uma outra na Letras, chamada "Diálogo Platônico", uma na Biblioteconomia, e uma na História. A da Biblioteconomia e a da história conflitavam em horário com as aulas de Língua Grega. E foi o que os descrentes chamariam de "acaso" que me fez ir estudar grego ao invés de fazer essa na biblioteconomia, e estava até mais interessada nessa, pois estava pensando em prestar para biblioteconomia no final desse ano.
Eis que, esse ano, pelo calendário oficial da USP, as aulas começavam uma semana antes do Carnaval. Eu sei, no entanto, que, quando é assim, muitos professores adiam o início das aulas para depois do feriado. Liguei para as duas faculdades e perguntei o que os respectivos professores iam fazer: O de Língua Grega começaria na semana anterior ao carnaval, o de biblioteconomia na posterior. Então decidi ir na aula de língua grega, testar na primeira semana, e, se não gostasse, iria para a biblioteconomia.
Acabei ficando. Mas as aulas - que são duas vezes por semana - exigem muito estudo em casa, e são bem mais puxadas do que eu pensava. Então, logo vi que, para estudar grego, precisaria abdicar de algumas coisas.
Conversei com os deuses, e perguntei se eles realmente queriam aquilo de mim. Disse o que estava pensando. E eles mandaram sinais de que eu deveria permanecer nas aulas de Língua grega. Então, passávamos à parte de abdicar.
Entre outras coisas, depois de muito pensar, resolvi que o grupo de estudos que estou conduzindo teria que se reunir mensalmente - e não quinzenalmente - durante esse semestre. E, quando eu finalmente tinha me decidido sobre isso, praticamente caíram no meu colo dois textos, que são interessantes e combinam com a temática do grupo, que eu poderia utilizar para fazer pelo menos duas sessões sem precisar de tanto esforço para preparar material. E o material que eu havia preparado para o encontro do fim de semana passado não foi completamente explorado, de modo que vamos dividir aquela temática em dois encontros. Do que lê-se: Lórien, não diminua os encontros do grupo de estudos. E eu, já acostumada a esse tipo de coisa dou risada, e mudo de idéia. Agora basta encaixar as duas sessões prontas no conograma que eu tinha elaborado.
Aí, surge um imprevisto: Exercícios de grego para entregar. Mal entregamos o primeiro, temos de entregar o segundo na aula seguinte. E, pelo correr da matéria, o terceiro vem na próxima semana. Lórien se preocupa um bocado, mas, quando vai fazer o segundo exercício, algo aconteceu, e, o que era difícil, começa a se tornar fácil. Eu quase não acreditei quando pude traduzir algumas frases sem olhar nas anotações, ver que já identifico terminações e diversos tipos de pronomes. Parece que começo a pegar o jeito... Tudo se organiza, sem que eu precise tomar nenhuma atitude radical. Definitivamente, esse negócio de ser, por um mês, o Homem Pendurado é divertido
Assim meu semestre se delineia: Muito estudo de grego, bordados, grupos de estudos, celebrações, trabalho... Estou feliz, me divertindo, e, na medida do possível para alguém com uma vida como a minha, sinto estabilidade... Uma frágil, e doce estabilidade...