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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Algumas coisas que descobri em 2008

Eu já venho refletindo sobre o meu ano há algum tempo, e já postei algumas coisas aqui antes. Então, vou colocar aqui apenas algumas descobertas importantes, alguns apredizados que me surpreenderam no ano que passou.

-A maior surpresa prá mim foi descobrir que não quero mais trabalhar com educação. Não, pelo menos, do jeito que em geral concebemos a coisa. Quero ensinar coisas que gosto a pessoas interessadas, e não coisas inúteis a crianças cheias de vida que tem de ficar trancadas em salas de aula porque os pais estão pagando, ou que precisam de muito mais do que toda a minha energia é capaz de envelhecer. Descobri que trabalhando nessas condições, eu adoeço. Eu podia ter descoberto isso ano passado, mas eu achava que, sob outras circunstâncias, as coisas seriam melhores.

-Vinculado a isso, morreu o grande sonho que foi projetado prá mim desde pequena: Não vou ser professora de escola pública pelo resto da vida prá ter um trabalho que me dê dinheiro certo. Eu preciso de mais um ou dois anos só para cogitar a idéia de prestar concurso público outra vez. Não é só pagar a taxa, estudar, passar, e você está lá. É um processo mais longo e cheio de ansiedade que isso.

-Descobri que já tenho créditos suficientes para me formar, e já me considero formada. No entanto, isso me deixa mais perdida que cego em tiroteio, pois já vi que vou usar meu diploma para uma coisa completamente diferente do que eu pensava em fazer, e, ao mesmo tempo. nunca estive sem estudar, desde os quatro anos de idade, e não estou conseguindo me adaptar a esse processo. Já fiquei um semestre a mais que o necessário na faculdade, e provavelmente fico pelo menos mais um.

-Descobri que, apesar de, à primeira vista, ver o mundo como o fluxo das energias Yin e Yang parecer bobinho, a coisa é menos simplista e mais complexa, profunda, real, e divertida do que parece. E que exige muito, muito mais estudo que aparenta.

-Aliás, descobri que tenho prazer em conhecer religiões diferentes da minha.

--Falando na minha religião, descobri que não sou mais uma novata, embora pareça que foi ontem que começei a trilhar meu caminho. Também não sou nenhuma mestra, mas já aprendi um monte de coisas que posso compartilhar, já que conhecimento pede movimentação.

-Descobri que as formas que os oráculos anunciam coisas a nós pode ser absurdamente variadas: Podemos ter respostas engraçadas de tão literais, como podemos ter respostas realmente enigmáticas, e aquelas que estão o tempo todo debaixo de nosso nariz, mas não entendemos. Nesse sentido, algumas de minhas atitudes perante as respostas desse ano foram enganos quase do tipo do de Édipo, enquanto outras vão me deixar por anos ainda dizendo "eu disse que era isso? Eu aviseeei, eu aviseeeeei", e vou me permitir ser tão chata quanto o burro do Shrek, pq complexo de Cassandra é muito chato.

-Continuo acreditando em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, sacis com frio no pé e formigas que bebem AdeS, no entanto não acredito mais em amizade à primeira vista. Os vínculos que vêm muito intensos desde o começo, acabam tão rapidamente como começam. E as outras pessoas podem nem sentir, mas eu acabo me entregando, e me lascando, e acabo deprimida por meses depois que a meleca acaba. Caí nessa ilusão duas vezes, e pretendo não cair na terceira. Em compensação, vou dar mais atenção às pessoas que chegam como quem não quer nada, que são moderadas e com as quais parece que você nunca vai ter grandes intimidades, pois são essas que sabem ser amigas prá vida inteira. Se até com o Chronos meu relacionamento começou assim, pq diabos eu tento fazer o contrário? Eu entendo que com outras pessoas isso funcione super bem, mas, da minha parte, estou fugindo de relacionamentos como esses.


sábado, 27 de dezembro de 2008

Natal, Héstia, Pequenos Milagres, Cura

Era o início de Dezembro. Meu irmão se casara no meio do mês anterior, e percebi que minha mãe e meu pai passariam o natal sozinhos. Pensei que poderiam se sentir tristes. Achei que, por mais que acabasse não sendo o mais divertido, o mais certo era que eu fosse passar o natal com meus pais. Liguei, e perguntei o que eles iam fazer.

No primeiro momento, minha mãe disse que eu não precisava se preocupar, que ficariam sozinhos, o casamento tinha sido festa suficiente. No segundo momento, disse que se quiséssemos mesmo ficar por lá, podíamos jogar uma partida de buraco, o jogo de reunião de família tradicional da casa de minha avó. Mandei e-mails para o meu irmão, perguntando se ele viria, mas eu e Chronos já havíamos confirmado.

Quando meu irmão confirmou, mas dizendo que ia voltar cedo por causa da família da Camila, minha mãe convidou também a famíla da minha cunhada. Meu irmão disse que era muito difícil que viessem, mas todos acabaram vindo.

Duas tempestades, as claras em neve, e o gás que acabou me atrasaram um bocado. Pretendia estar lá bem mais cedo, para curtir mais. Quando cheguei, minha cunhada estava lá, com minha mãe na cozinha, fazendo salada, comidas japonesas, e colocando o tender para assar.

Eu sabia que meu irmão levaria o tender, mas eles planejavam levá-lo assado. Esqueci de perguntar o que aconteceu. Mas o fato é que o forno da minha mãe foi aceso.

Tenho 24 anos, então meus pais estão com quase trinta de casados, e o fogão vem dessa época. Mas o forno daquele fogão NUNCA tinha sido aceso até então. Pode parecer estranho para qualquer um de vocês, mas minha mãe temia um vazamento de gás caso ligasse o forno.

Minha mãe, aliás, é uma pessoa cheia de temores e manias. Quando eu morava com ela, nunca podia levar amigos em casa, pois ela tinha vergonha de minha casa, medo do julgamento de meus amigos, e horror à bagunça que eu podia fazer. Chronos só entrou na minha casa duas vezes por emergência antes de casarmos. E, devo admitir, esse foi um dos fatores que apressou muito nosso casamento, da minha parte. Como era proibida de trazê-lo em casa, eu tinha que sair constantemente, e meus horários de chegar, ou o fato de passar noites fora, enraiveciam minha mãe, e faziam com que ela brigasse constantemente comigo. A minha cunhada já aproveitou um pouco mais da compania dos meus pais, pois minha mãe deixou de ser tão rígida quando eu casei.

Ceia preparada, todos comendo, e eu percebi o que estava acontecendo: Haviam nove pessoas naquela casa, e isso nunca havia acontecido. E, simplesmente, eramos uma família. De um jeito que nunca haviamos sido antes. Minha mãe, pela primeira vez, teve uma postura de mãe com filhos crescidos e independentes: Não eramos mais apenas quatro. Todos tinham presentes, se divertiam, riam, e comiam. Minha mãe não achou que eu, Chronos, e o namorado da irmã da Camila eramos alcólatras porque começamos a comentar sobre teor alcólico de diversas bebidas. E ela havia se escandalizado quando soube que eu bebia.

Quando eu realmente percebi tudo o que estava acontecido, um sentimento terno e maravilhoso se apoderou de mim. Não sei se os outros haviam percebido, mas um pequeno milagre estava acontecendo, naquele momento. E meu conceito de pequeno milagre foi, muito parecido com o de um desenho japonês para crianças que eu vira uma vez, chamado Kokoro Toshokan. Era um fato aparentemente cotidiano, que se tornava maravilhoso pelo sentimeto que trazia, assim como pela inocência e espontaneidade que o haviam produzido. E eu conseguia visualizar uma cena muito parecida, num futuro nem tão distante, com meu filhinho correndo por todos os lados e sendo mimado como o pequeno da família.

Então, em epifania, me lembrei do forno aceso, que cozinhara nosso tender. E soube o nome do milagre. Pois o fogo de Hestia tinha sido aceso. Era a senhora do lar, em seu devido lugar. Era ela que, sempre discreta, presidira aquela festa, em que nenhuma criança da promessa foi lembrada. E o Senhor do Olimpo, com seus raios, a abençoou.

Voltei apenas ontem à noite para casa. Afinal, agora estava em casa também na casa de minha mãe. O efeito de tudo isso em mim foi excepcionalmente curativo. Ver um padrão viciado ser rompido da forma correta muito me alegrou. Estou em uma espécie estranha de transe até agora. Felicidade, alívio, e contentamento em saber que meus deuses me seguem onde quer que eu vá.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Lua Adversa

Poeminha para homenagear minha carta de lunação, A Lua. Me lembrei dele ontem na hora que estava tomando banho. Conheço como sendo de Cecília Meirelles, mas, para falar a verdade, não tenho certeza absoluta da autoria.

Eu ainda não estou com tempo de escrever, várias coisas estão passando em branco. Bem, paciência.

Lua Adversa
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...